Jornal A Semana

CONFLITOS DE IDADES E DE IDEOLOGIAS ENTRE PAIS E FILHOS

  • Douglas Varela
  • 20/03/2020 16:30
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Entre o abre e fecha das guias de pesquisa, o impacto luminoso dos pixels da tela do computador seduziu meus olhos à pacata cidade de Riverdale. Porém, não foram as trapaças, intrigas ou mortes que chamaram minha atenção, mas os conflitos familiares, que singularmente, cada jovem travava com seus pais.

Desde pais conservadores que determinavam com quem a filha deveria andar até famílias envolvidas em escândalos de corrupção e assassinatos; cada filho possuía queixas e reclamações dos seus tutores. Todos travavam uma batalha pessoal entre quem eram e quem seus pais queriam que fossem. Dentre brigas e lágrimas, era necessário encontrar um meio de tornar a convivência mais agradável.

Parei para analisar e percebi que eu não era a única que tinha problemas com familiares, mas também, todos os meus amigos, bem como os personagens da série que retratavam ficcionalmente algo extremamente real. Mesmo que, em diferentes proporções, ao investigar a fundo é difícil encontrar quem não possua queixas permeadas pela utopia de pais exemplares e filhos perfeitos.

E isso acontece hoje, aconteceu com nossos pais e acontecerá com nossos filhos, se os tivermos. Oscar Wilde, no livro, o Retrato de Dorian Gray, escreve o seguinte: “a verdade é que não simpatizo muito com os parentes. Talvez por que nos custe a suportar as pessoas dotadas de defeitos iguais aos nossos”. Por existir uma grande diferença entre idades e realidades, pais e filhos vivenciam extremos permeados pela cautela advinda do amadurecimento que contrasta com a sede de conhecer o novo.

Mas quem está certo? Estes dias eu estava conversando com um professor, um tanto entristecida após ouvir um seco “não” do meu pai, o professor disse-me, que às vezes, nossos pais são anjos da guarda nos falando. E ao repensar sobre o caso, com a cabeça fria e os olhos secos das intensas lágrimas que escorreram, como diria Augusto dos Anjos, após assistir ao formidável enterro da minha última quimera, percebi que meu pai tinha razão. Por mais que às vezes, nossos pais pareçam rudes e não compreendam nossos problemas, eles apenas querem nos ver bem.

Talvez carreguem amor em excesso e não compreendam ao certo o quanto determinadas atitudes podem nos machucar, mas, sem dúvidas, os pais torcem verdadeiramente pelo nosso sucesso. São eternos fãs e fiéis escudeiros, que se preciso fosse, morreriam por nós.

Quem sabe, pais e filhos ainda não são maduros o suficiente para compreender-se. No entanto, a empatia e o diálogo, devem permear as relações a fim de que ambos possam entender os problemas uns dos outros, buscando, cada um ceder um pouquinho, em prol da felicidade mútua.

Assim como na série Riverdale, na batalha entre pais e filhos não existem carrascos ou heróis, mas pessoas que se unem e aprendem como tornarem-se melhores, motivadas pelo amor.

 


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