Jornal A Semana

MÁSCARA PARA QUE TE QUERO

  • Douglas Varela
  • 07/12/2019 09:37
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Imagem: Máscara de Palhaço confeccionada por Batista. Miracema, interior do estado do Rio de Janeiro. Credito: Tese de doutorado de Daniel Bitter: A bandeira e a máscara: Estudo sobre a circulação de objetos rituais nas Folias de Reis. Rio de Janeiro: UFRJ, IFCS, 2008.

Não existe aquela pessoa que se faz de boa, mas é ruim que dói? – Pergunta Camila para Andriana (a Dri) ─ enquanto pesquisam preços nas lojas com ideias de preparar a casa para o Natal. Sim, porque, basta começar dezembro que é aquela correria, parece que vai sumir tudo das prateleiras. Você sabe...

─ Odeio esse tipo de gente! Parece que usa máscara! ─ comenta Dri.

─ Parece, não. Sabe que as máscaras estão por toda parte, e tem de todo tipo, e com finalidades diferentes? Originaram-se em bailes de máscaras com a finalidade de encarnar deuses. No teatro representam sentimentos universais, tendências demoníacas, rosto divino.

Camila, a “devoradora de livros”, claro, tinha que esticar a conversa:

─ Na Austrália, por exemplo, conforme o escritor Marcel Mauss (Sociologia e Antropologia, 2003), existem máscaras permanentes e temporárias. As temporárias são usadas durante as cerimônias. Os homens da ilha de Kiwai, por exemplo, colocam sobre si uma máscara verdadeira, se for para um ritual, e fingida, se for para jogar.

─ E as permanentes? ─ questiona Dri, impaciente, enquanto entravam na loja.

─ Espera. Na Grécia antiga, os tipos de máscaras mais utilizados eram aqueles maiores que a cabeça, manifestando personagens padronizadas. No Egito se usavam máscaras funerárias para que os ossos da múmia fossem revigorados.

O atendente, estudante, foi prestando atenção e entrou na conversa:

─ É, mas o assaltante de banco, aquele que invade uma casa ou furta estabelecimentos comerciais usa máscara fingindo ser outra pessoa.
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A dona da loja não quis ficar de fora. Rosa é do Rio de Janeiro e ama Folia de Reis:
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─ Então, gente, eu participava da festa dos Reis Magos lá e achava muito engraçado aquele palhaço que faz o papel do cômico. A máscara dele tinha aparência horrível, mas servia para atrair a personagem dela, enquanto os músicos tocavam nas pausas que ele fazia. Era engraçado. Não havia diferenças entre pobre e rico, naquele momento, e ia quem queria.
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─ Então, na faculdade estamos estudando manifestações populares ­─ intervém Camila. E li que na festa dos Magos do Oriente, Melquior, Baltazar e Gaspar, a máscara está presente. Estudo dessa manifestação se realizou na Candelária, no Rio de Janeiro. por Daniel Bitter (A bandeira e a Máscara, 2008), refere dois objetos, a bandeira, onde são fixadas imagens de santos ou da bíblia, e a máscara, que significa subversão da ordem, a desordem.

Dri ama literatura, principalmente autores como Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, que identifica a máscara como disfarce. Recita solenemente:

“[...] Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho, já tinha envelhecido”[...]. ─ Ah, ah, rs, rs, rs.

─Amei! – disseram. E Dri acrescentou: ─ exemplo de máscara permanente, hein.

Pergunto a você: existe em sua cidade festa de reis Magos, de Folia de Reis, festa do Divino ou outra em que se usam máscaras?

Olhe que tema legal para você fazer uma pesquisa. E, claro, me dê notícias.

 


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