Jornal A Semana

MULHERES E HOMENS PODEM MAIS DO QUE IMAGINAM

  • Douglas Varela
  • 20/03/2020 08:43
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Era domingo. Na livraria de um dos shoppings da cidade de Curitiba, muita gente fazia a mesma coisa: procuravam livros. Pois bem, enquanto eu folheava um livro, em uma das cadeiras próximas da estante de consulta rápida, um casal de namorados, ao lado, falava baixinho e dava risada. Energia boa, o assunto foi me chamando a atenção, e de mais gente.

Eles sequer perceberam. Seus nomes? Não sei, mas aqui os batizo de Aglaia, deusa mitológica da inteligência, e Apolo, deus da luz. Acompanhe o “tipo” de conversa:

Aglaia: Se a gente chegar a querer casar mesmo, teremos muito que conversar antes...

Apolo: Por que, Amor?

Aglaia: Por quê? Sabe que eu não gosto de, lá em casa, sobrar todo serviço para mim e minha mãe, enquanto meu pai e meu irmão ficam fazendo coisas do seu lazer. Não quero isso para mim. Nem quero que minha filha brinque com brinquedos que dizem ser de meninas, que arrume a casa, a cama dos homens, enquanto meu filho só fique jogando, sem ajudar.

Apolo: Então, desse jeito que você diz, eu vou ter que ajudar a fazer tudo em casa?

Aglaia: Ajudar não é termo correto, Amor! Compartilhar as tarefas não seria melhor?

Apolo: Então é “tipo” o quê?

Aglaia: A gente combina antes de casar. E se não tiver acordo, não caso. Pelo menos, de minha parte, vou evitar a continuidade de preconceitos contra a mulher e feminicídios.

Apolo: Então você quer registrar num papel a tarefa de cada um? É isso?

Aglaia: Nem tanto! Não vamos, “tipo”, dogmatizar! Ah, achei!... Olhe esse livro, Amor, fala que quando tudo é combinado antes, a vida do casal e dos filhos fica sendo uma vida de amizade, não de discussões e brigas. Quero isso para mim. E você, Amor, quer?

Apolo: Sei não, o que meus colegas vão dizer? Que eu sou mandado pela mulher?

Aglaia: Mas que besteira você está falando, Apolo! Lembra-se do provérbio “o que é combinado não é reclamado”? Então, você vai ficar bem, Amor... rs, rs (abraços).

Apolo: Ah, Amor, rs, rs, rs, vamos tomar um lanche, que essa conversa me deu fome.

Aglaia: Espera: Olhe, Amor, esse livro que fala do poder das mulheres. Que fofo!

Apolo: E do poder dos homens, qual fala? “Tipo” me dá uma dica, vai Amor, rs, rs.

Aglaia: Muitos livros falam do poder dos homens, vamos procurar e comparar para ver se há machismo/feminismo? Pra gente não repetir, tá, Amor...

Apolo comentou notícias de jornais, sobre racismo, preconceitos e feminicídios e que não aprova a ideia de que o homem é mais que a mulher. E continuou:

Apolo: Amor, somos Diversidade. Eu respeito. É mais divertido. Vamos tomar um café e prolongar essa conversa? Agora quem quer aprofundar o tema sou eu. Vamos?

Aglaia: Ah, Amor, sou toda ouvidos, vamos, rs, rs.

Saíram. Aquela energia transformadora de Aglaia e Apolo fez bem a quem ouviu. Eu amei esse diálogo, um dos mais belos que ouvi de jovens sobre o tema.

E vocês, namorados, também podem mais do que imaginam, “tipo” mais Diversidade?

Escrevam para mim sobre o assunto. Vamos nessa?

 

Zelia Maria Bonamigo
Jornalista e antropóloga
Zeliabonamigo@uol.com.br


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