Jornal A Semana

NAVEGA, MINHA RAINHA

  • Douglas Varela
  • 15/02/2019 10:20
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Navega, minha Rainha,
que a festa não é só minha.
Nas águas dos rios da vida,
nos mares calmos ou não,
vivemos a confiança.
Trocamos contigo as preces,
e retribuímos
com as flores da gratidão
(Zélia Bonamigo)

Nos últimos dias, os devotos de Nossa Senhora dos Navegantes viveram intensa programação em celebrações e procissões na região de Ouro (SC). Afinal, comemorar a festa, homenagear, suplicar e agradecer a essa Rainha tão especial era tudo o que eles queriam fazer.

O sentido da festa religiosa
O que as pessoas vivenciam nas festas religiosas é sempre algo muito especial para sua história, no contexto de demonstrações, crenças, histórias dos mais velhos, inclusive a gratidão à Rainha por fazer parte de sua “cultura”, aquilo que tem sentido para seu contexto familiar.
Isso é tão importante que, a partir de 2004, no Brasil, tanto as festas quanto as comemorações e celebrações receberam registros no Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (IPHAN). Assim, homenagens como aquelas feitas à Rainha das águas, dos mares, calmos ou revoltos, e da vida, se tornam também expressões históricas e culturais.
Só para se ter uma ideia dessa importância, para o antropólogo Marcel Mauss (2003), faz sentido pensar a festa como “fato social total” quando um determinado grupo deseja se identificar de uma forma particular para a humanidade, a partir de sua cidade, tornando conhecidas histórias, tradições e memórias de significação particular.
Nessas festas há trocas de amor, afeto, preces, experiências, amabilidades, graças que a Rainha concede e são retribuídas com o pagamento de promessas e oferta de flores.

História
As festas religiosas são celebradas deste a Antiguidade, por povos de todo o mundo, congregando grupos heterogêneos, cujas motivações e expressões são diversas. Nas grandes navegações, os santos eram invocados para acalmar os viajantes e pedir a proteção divina contra acidentes vindos das águas e dos céus.
Com relação à devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, começou na Idade Média, nas Cruzadas, na travessia dos cristãos pelo Mediterrâneo, advindos da Europa, com o objetivo da defesa da Terra Santa e a cidade de Jerusalém. Antes da viagem, os cristãos suplicavam a intercessão da Mãe dos Navegantes.
Na América do Sul a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes tem diversos nomes, como Nossa Senhora da Boa Viagem e Nossa Senhora da boa esperança. Mas são, principalmente, os pescadores que dão um sentido particular a essa devoção, pois, em seu trabalho, bem conhecem a força das águas.
E na comemoração realizada em Ouro (SC), com certeza, a Rainha acolheu as preces dos orantes, colocando-as nas mãos do filho Jesus. E continua navegando na vida cotidiana de todos os devotos.
Teve forte experiência de fé?
Se você tem algo a contar dessa festa tão bela, escreva para mim, talvez possa ser o tema de um dos próximos artigos.

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