Agricultura

Prefeitura de Capinzal irá decretar situação de emergência devido à estiagem

  • Jardel Martinazzo
  • 02/04/2020 08:23
520354425e85faa2de70b0.98727085.jpg

(Foto: Rio do Peixe na região do bairro Parque e Jardim Ouro onde ocorre a saída da procissão fluvial de Nossa Senhora dos Navegantes)

A estiagem prolongada está impactando a economia dos municípios do meio oeste catarinense. Sem chuvas consistentes desde o final de 2019, as fontes de água estão escassas, as pastagens secas e a produção bastante comprometida. A reportagem da Rádio Capinzal/Jornal A Semana teve acesso aos dados de um levantamento realizado no município de Capinzal pela Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente e EPAGRI.  Na manhã desta quinta-feira (02) o prefeito Nilvo Dorini ao apresentar esses dados afirmou que irá decretar situação de emergência. 

Os autores deixam claro que a competência pelos dados oficiais e finais é facultada ao IBGE e a CONAB e que este estudo em questão visa orientar o poder público na tomada de decisões. A estimativa de perdas ocorridas na produção agropecuária do município está baseada no levantamento e nas consultas realizadas junto a produtores rurais, empresas receptoras de leite e cereais, prestadores de serviços de colheita, empresas de assistência técnica e revendas de insumos.

Em relação as lavouras de milho para grãos, a área cultivada no município foi de 700 hectares, com produção esperada 119.000 sacas. Como a maior parte da área foi plantada até o final de setembro, o estudo considera que não houve perdas significativas. Já nas lavouras de milho para silagem, a área cultivada está estimada em 400 hectares, com plantio distribuído entre agosto e dezembro. Essas lavouras plantadas no início do período não tiveram perdas, quanto mais tarde o plantio maior foram as perdas. A estimativa de perdas de 30% na área total, o que significa perda em torno de 6.200 toneladas de silagem.

 Em relação a soja, a área cultivada no município nesta safra foi de 4.700 hectares com produção esperada de 329.000 sacas. A colheita ainda não foi concluída, mas pode-se dizer que as perdas de produção foram influenciadas principalmente pela estiagem, mas tendo influencia a época de plantio, variedades utilizadas e também ocorrência de chuvas localizadas. De modo geral as perdas foram consideráveis. Estimam-se então perdas em torno de 35%, ou seja, deixaram de ser produzidas 115.150 sacas do produto.

Produção de leite

Quanto a bovinocultura de leite, a produção média mensal do município é de 441.000 litros. Se forem considerados os últimos 4 meses a produção esperada seria de 1.764.000 litros. A principal consequência da estiagem foi a diminuição drástica na produção das pastagens, principal alimento dos animais.  Além das perdas consideráveis na produção, ocorreu um aumento no custo de produção, pois os produtores necessitaram fornecer mais silagem e ração aos animais. Também houve um aumento significativo nos preços de insumos como sal mineral, medicamentos e ração. As perdas foram estimadas em 30%, portanto deixaram de ser produzidos nos 4 meses em torno de 529.200 litros de leite.

O levantamento frisa que com a continuidade da estiagem, caso ela ocorra, as perdas podem ser maiores, pois os produtores não estão conseguindo implantar as pastagens de inverno, que forneceriam alimento nos próximos meses.

Em relação a bovinocultura de corte, os técnicos encontraram dificuldades para fazer uma estimativa mais precisa.

Abastecimento

Quanto o abastecimento de água, a Secretaria da Agricultura atendeu até o momento 2 produtores por motivos diversos. Os trabalhos mais intensos foram em relação a abertura e a limpeza de bebedouros nas propriedades rurais, onde foram realizadas em todas as comunidades do município em torno de 73 produtores.

 Demais municípios

Além de causar prejuízos à agricultura, a estiagem também tem afetado o abastecimento de água em alguns municípios, tanto para o consumo humano como dos animais. Na semana passada, a Prefeitura de Zortéa adotou o racionamento. A interrupção do fornecimento de água ocorre das 14h e 17 horas.

No município de Ouro, as perdas também são consideráveis e a Administração Municipal decretou situação de emergência ainda no mês de fevereiro. O SIMAE ainda não sinaliza o racionamento. Por outro lado, a recomendação é que a população não desperdice água.

O nível do Rio do Peixe estava muito baixo no começo da semana. Em alguns pontos, como na região do Parque e Jardim Ouro onde ocorre à saída da procissão fluvial de Nossa Senhora dos Navegantes, as pedras estão à mostra e facilmente é possível chegar até a metade do rio sem molhar os pés.

EPAGRI

Foi apresentado pelo gerente da regional  da EPAGRI de Campos Novos, o engenheiro agrônomo, Maykol Ouriques, o balanço parcial da safra agrícola e produção pecuária nos municípios de Campos Novos, Capinzal, Curitibanos, Joaçaba e Videira.  

Em entrevista concedida a Rádio Cultura FM, ele aponta que a falta de chuvas nos últimos 3 meses,  frustrou a média anual no trimestre de 150 milímetros, causando perdas de 14,5% na soja, 13,6% no milho e o 14% na cultura do feijão. 

Além da produção agrícola, a pecuária também sente as consequências da estiagem com queda nos abates no gado de corte e o rebanho leiteiro a captação vem caindo mês a mês. Maikol destaca que o mês mais crítico foi março e que pelos dados do CIRAM e CEPA, no mês de abril a tendência é que se mantenha a mesma condição climática.

As consequências deverão ser sentidas, nos meses seguintes a abril, quando encerra o período de colheita da safra de grão e o custo na alimentação de proteínas animal deverá aumentar. 


Enquete