Jornal A Semana

Quaresma: O caminho para a Páscoa

  • Douglas Varela
  • 08/04/2019 06:45
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Durante a Quaresma, a Igreja nos convida a refletir sobre oração, conversão e redirecionamento de nossos passos para o Senhor.

Desde o primeiro domingo da Quaresma, a liturgia traçou decididamente o caráter dos 40 dias que começaram na Quarta-Feira de Cinzas. A Quaresma é um resumo de nossa vida, que é toda ela “um constante retorno à casa do nosso Pai”. É um caminho para a Páscoa, para a morte e ressurreição do Senhor, que é o centro da história do mundo, de cada mulher, de cada homem: um retorno ao Amor eterno.

No tempo da Quaresma, a Igreja nos desperta de novo à necessidade de renovar nosso coração e nossas obras, de modo que descubramos, cada vez mais, esta centralidade do mistério pascal: se trata de que nos coloquemos nas mãos de Deus para progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa.

Às vezes esquecemos o essencial desse tempo favorável e maravilhoso. Nos acostumamos com o mistério. Portanto, consideremos de novo, nesta Quaresma, que o cristão não pode ser superficial. Plenamente mergulhado no seu trabalho diário... nas suas atividades... o cristão tem que estar atento e mergulhado em Deus, porque é filho de Deus. Por isso é lógico que durante esses dias consideremos em nossa oração a necessidade da conversão, de redirecionar nossos passos para o Senhor e purificar o nosso coração fazendo próprios os sentimentos do salmista: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto”. São palavras do salmo 50, que a Igreja nos propõe com freqüência neste tempo litúrgico.

Lembremos que a Quaresma possui raízes profundas em vários episódios chave da história da Salvação, que é também nossa história. Um deles é a travessia do povo eleito pelo deserto. Esses 40 anos foram um tempo de prova e de tentações para os israelitas. Deus os acompanhava continuamente e os fazia entender que só deviam se apoiar n'Ele. Além disso, foi um tempo de graças constantes: mesmo que o povo sofresse, era Deus quem lhes consolava e lhes orientava com a palavra de Moisés, lhes alimentava com o Maná e as codornizes, lhes dava a água na Rocha de Meriba.

Muitos dos episódios do Êxodo eram sombras de realidades futuras. De fato, nem todos os que participaram daquela primeira peregrinação pelo deserto, chegaram a entrar na terra prometida. Por isso, a Carta aos Hebreus, citando o salmo 94, sente dor pela rebeldia do povo e, ao mesmo tempo, celebra a chegada de um novo êxodo: “Os primeiros a receberem a boa-nova não entraram, por causa da desobediência”, e Deus “marca de novo um dia, um 'hoje', quando fala por meio de Davi, muito tempo depois: 'Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações'. Esse hoje é o inaugurado por Jesus Cristo. Com sua Encarnação, sua vida e glorificação, o Senhor nos conduz pelo êxodo definitivo, no qual as promessas encontram perfeito cumprimento: coloca-nos no céu, consegue “um repouso para o povo de Deus”. Pois aquele que entrou no repouso de Deus, repousou de suas obras, como Deus repousou das suas”.

 


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