Justiça

Em depoimento ao STF, Bolsonaro refuta plano golpista e pede desculpas por falas contra ministros

  • Gabriel Leal
  • 10/06/2025 21:08
18349119336848cac9a1f010.28013009.jpg

O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta terça-feira, 10 de junho, no Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que apura uma suposta articulação para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após as eleições de 2022. Bolsonaro é um dos oito réus apontados pela Procuradoria-Geral da República como integrantes do chamado “núcleo político” da trama investigada.

O depoimento foi conduzido presencialmente pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação. Durante a oitiva, Bolsonaro negou qualquer envolvimento em plano para promover um golpe de Estado e afirmou que a ideia nunca foi cogitada por seu governo. "Golpe é algo imprevisível e prejudicial para o Brasil. Jamais houve essa intenção", declarou.

A acusação sustenta que o ex-presidente teria conhecimento de uma minuta que previa medidas como estado de sítio e prisão de ministros do STF. Essa versão teria sido reforçada por depoimentos de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid relatou que Bolsonaro participou da apresentação do documento e teria sugerido alterações. O ex-presidente, no entanto, negou as alegações. “Não houve participação minha na elaboração ou modificação de qualquer minuta. Sempre atuei dentro da legalidade”, afirmou.

Outro ponto questionado por Moraes foi a suposta oferta de apoio das Forças Armadas ao plano. De acordo com as investigações, o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, teria se colocado à disposição para apoiar a execução de medidas golpistas. Bolsonaro negou veementemente. "Essa versão não tem fundamento. Nunca houve clima ou base para qualquer tipo de ruptura institucional", disse.

Ao ser confrontado sobre falas em que atacava o sistema eleitoral e lançava dúvidas sobre as urnas eletrônicas, Bolsonaro admitiu que defendia o voto impresso, mas alegou que nunca adotou atitudes fora dos limites da Constituição. "Falei muito, me excedi algumas vezes, mas jamais agi contra a legalidade", declarou.

O ex-presidente também aproveitou a ocasião para se retratar por acusações que fez no passado, quando insinuou que ministros do STF estariam envolvidos em fraudes. "Peço desculpas. Nunca tive intenção de fazer acusações pessoais sem provas", reconheceu.

O julgamento dos acusados está previsto para o segundo semestre deste ano. Além de Bolsonaro, também são réus: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Todos são investigados por suposta participação em um plano para impedir a posse do presidente eleito em 2022.


Enquete