Jornal A Semana

AUTOAVALIAÇÃO: UM EXERCÍCIO ESSENCIAL À EVOLUÇÃO

  • Douglas Varela
  • 18/11/2019 11:00
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Segundo Darwin, não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, e sim, as que melhor se adaptam às mudanças. Em um cíclico e automático hábito de colocar um pé em frente ao outro, estamos a correr pelas calçadas da vida com copos de café nas mãos, precisando ingerir substâncias para estarmos dispostos, criativos e simpáticos mesmo após virar noites em claro fazendo tarefas que não gostamos. Desde quando nascemos dizem que precisamos atingir as melhores notas, passar em faculdades gabaritadas e criar soluções para problemas da contemporaneidade. Vivemos robotizados, apenas seguindo a ordem e destinos pré-definidos, sem os questionar. E como diria Orwell, ver aquilo que está diante do nosso nariz requer uma luta constante.

Comecei a pensar sobre isso quando minha professora de Sociologia pediu para escrevermos uma autoavaliação. No texto precisávamos julgar qual o nosso papel como estudante, de qual maneira interagíamos com a escola e como víamos o ano que se passou. Não foi uma tarefa fácil. É extremamente natural julgarmos as pessoas que nos cercam, parece até automático. Porém, quando precisamos analisar o que nós estamos fazendo e como conduzimos nossas vidas, a reflexão torna-se dificultosa.

Então, pus-me a pensar o que eu havia feito e como minhas escolhas do passado estavam resultando no presente. Comecei a analisar que meus problemas não começavam nos locais que eu pensava residir, mas tinham origem em horizontes para além de onde eu podia imaginar estarem.

Pude analisar que mudanças requerem amadurecimento. Há momentos em nossas vidas que somos obrigados a repensar condutas e traçar novos destinos de acordo com as adversidades do cotidiano. Darwin já falou há muito tempo sobre isso. Aprendi, ao escrever aquela autoavaliação que não podemos nos prender as nossas primeiras ideias ou conceitos. Nós mudamos, o mundo muda. Nada está estagnado. Por isso, percebi que muitas vezes, os problemas que pensamos ter, são temporários. No momento em que acontecem talvez não estávamos preparados para saber como contorná-los. E aquilo que se resolveria com uma simples conversa, acaba causando tormentos desnecessários.

E tudo isso, diz respeito ao amadurecimento. Eu acho fantástico o hábito de fazer anotações e depois de um tempo reler o que pensávamos sobre os fatos. Como mudamos! Estamos em constante aprimoramento e somos o resultado de nossas vivências pessoais. Outro exercício bacana é reler livros após uns dois ou três anos. Partes da história que em um momento nos marcaram, agora podem parecer insignificantes e outros detalhes que talvez passaram despercebidos nos chamam atenção. E isso é fantástico!

Em um cotidiano corrido, repleto de estímulos tecnológicos e cobranças de um mundo capitalista, parar e refletir sobre quem somos, de onde viemos e no que nos tornamos, procurando corrigir erros e investir no aprimoramento de áreas que possuímos dificuldades, é um dos tempos mais bem gastos de nossas vidas.

Reler livros, autoavaliar-se, repensar sonhos, rever filmes, buscar a origem dos problemas, reavaliar sentimentos e refletir sobre o rumo que nossa vida está tomando são atitudes essenciais para o nosso crescimento, aprimoramento e evolução.

Nos preocupamos muito com o futuro, com as pessoas que nos cercam e pensamos grande. Esquecemos de nos enxergar, e ver aquilo que esteve o tempo todo diante do nosso nariz. Investigamos os céus e não olhamos para os nossos próprios pés.

 

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