Jornal A Semana

PRESTE ATENÇÃO AOS SEUS SONHOS

  • Douglas Varela
  • 16/10/2020 14:49
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Zélia Maria Bonamigo
Jornalista e Antropóloga
zeliabonamigo@uol.com.br

Talvez você seja uma pessoa que não se importa com o sonho que teve à noite. Ou, diferentemente, se importa demais. E no dia seguinte, dependendo do sonho, acaba se convencendo de que terá sucesso ou fracasso. Pois bem, isso acontece também com outras pessoas.

Você pediu para eu escrever sobre esse tema. Vamos, portanto, citar, primeiramente, o médico Carl Gustav Jung, estudioso da mente humana. No seu livro O Homem e seus Símbolos (Nova Fronteira, 1964), escreve que os sonhos têm muita importância para cada um e que se deveria prestar bastante atenção ao que se sonha, pois “o sonho é uma expressão específica do inconsciente” (p. 32).

E ele tem razão, eu sei. Quando pesquisei o grupo indígena Mbya-Guarani, na ilha da Cotinga, em Paranaguá-PR, uma das informações que me deixaram admirada é que os membros da comunidade, ao terem sonhos, que gerassem preocupação ou não, logo ao acordar do dia seguinte iam consultar o Pajé, que é aquele que interpreta os sonhos.

Não que os sonhos que eles sonhassem, ou a interpretação deles, não tivesse importância. Mas o Pajé era aquele que se responsabilizava pelo destino da comunidade como um todo, claro, sempre conversando com as demais pessoas e ouvindo seus pontos de vista. Mesmo assim, os membros do grupo gostavam de ouvir sua interpretação. E o pajé sempre acertava porque, além de ouvir os sonhos dos demais, também se colocava à disposição da Divindade.

No livro O Oráculo da Noite: a História e a Ciência do Sonho, o neurocientista Sidarta Ribeiro escreve que "a interpretação de um sonho pressupõe a compreensão profunda do contexto real e emocional do próprio sonhador, e pode ser extremamente transformadora” (book.google.com.br).

Diz que em geral nos lembramos de três tipos básicos de sonho: o pesadelo, o sonho gostoso e o sonho de perseguição (esta em geral infrutífera). O primeiro se refere às situações desagradáveis, aquelas que não podem ser por nós controladas ou evitadas. O sonho gostoso é o oposto do pesadelo, trazendo consigo situações de satisfações que deixam o sonhador intimamente alimentado, mas sem ser real.

Tanto os sonhos de terror quanto os prazerosos não fazem parte da maioria dos sonhos que as pessoas têm. O que faltaria, então? Sonhar com emoções fortes, o que depende de viver essas emoções na vigília. Os materiais dos sonhos são feitos de memórias, como diz o neurocientista: "Ninguém sonha sem ter vivido", ou seja, nossos sonhos refletem o que acontece conosco agora” (book.google.com.br).

E você, já buscou ajuda nos seus sonhos para futuras decisões? (Sugiro também a leitura do livro de Gênesis, 41, sobre a interpretação dos sonhos do Faraó por José).

Sidarta destaca a importância de voltar a sonhar. Para tanto, indica: proteja o sono, preste atenção aos sonhos, anote o sonho logo ao acordar, fazendo cadernos de sonhos, os “sonhários”. Mais ainda, troque ideias com a família buscando entender como os sonhos de uns influenciam nos sonhos dos outros. Vamos nessa?

 


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